sexta-feira, 25 de março de 2011

O estranho (?) caso do Sporting


Costumo dizer, meio a sério meio a brincar, que há duas equipas que faço questão de ver jogar todos os fins-de-semana: O Benfica, claro, e o Sporting. Rival de eleição do Benfica durante gerações a fio, o Sporting perdeu nas últimas décadas o privilégio para o Porto de ser o maior rival do Benfica e de protagonizar com o Glorioso os jogos mais intensos do futebol português. A curva do seu declínio começou aí, numa primeira fase, com a ultrapassagem galopante por parte do Porto (até na conquista de campeonatos isso já é medível). Já depois de perder o posto de 2º maior clube português, o Sporting continuou a cavar a sua cova. E a culpa é, acima de tudo, do próprio clube. Custa-me a perceber como um clube que nos últimos 15 anos formou jogadores como Figo, Simão, Quaresma, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Varela, Nani, João Moutinho ou Miguel Veloso (Figo e Ronaldo até com o prémio de Melhor Jogador do Mundo), não tenha conseguido daí tirar praticamente nenhum rendimento desportivo e juntar a isso um fraco retorno financeiro. Sabemos que o Sporting não tem a mesma capacidade de gerar receitas que o Benfica. Mas isso o Porto também nunca teve…
A juntar ao gritante sub-rendimento desportivo e financeiro proveniente da Academia ao longo dos anos recentes (provavelmente o único activo de topo do Sporting), parece que até aí o ribeiro “secou” de repente. Quais foram os últimos jogadores de classe vindos da formação do Sporting? Moutinho e Veloso! À uns 5 anos! Daí para cá nada, ou amostras muito pobres. Como se isto não fosse mau o suficiente, o Sporting conseguiu superar-se noutro capítulo: a política (ou falta dela) de contratações! Purovic? Torsiglieri? Grimi? Pongolle? Caicedo? Hugo? Pinilla? Celsinho? Angulo? Podia ficar nisto o dia todo… O Sporting compra mal, desequilibradamente e acima das suas possibilidades (Pongolle = 6,5 milhões €!!!).
Depois de ser ultrapassado pelo Porto, desaproveitar a Academia e falhar nas contratações durante anos consecutivos, o Sporting entrou numa espiral negativa, com efeito bola de neve, que se traduziu em resultados irrisórios, cemitério de treinadores, equipa banal sem fulgor nem classe e afastamento gradual dos adeptos com o clube. Actualmente o Sporting não tem liderança, não tem símbolos, não tem ambições, não tem equipa e não tem jogadores. Até sócios, segundo o número divulgado ontem no debate entre os 5 candidatos à presidência, são 30.000 (!!!) os aptos para votar. O sinal máximo desta constante degradação do Sporting é o facto de nós benfiquistas, que durante anos alimentámos uma rivalidade entre os clubes, olharmos agora para o Sporting com um sentimento quase de pena. Passou de rival para “coitadinho”. E isto é mau. É mau em primeiro lugar para o Sporting, é mau para o Benfica e é mau para o futebol português na sua generalidade que por si só já é pouco competitivo. E o problema do Sporting é muito grave. Penso que ninguém sai a ganhar com o Sporting, daqui a uma década, a arrastar-se pelo meio da tabela ou a lutar pelos lugares europeus. Sinceramente, acho que a hipótese de isso acontecer é bem real. Para isso, basta seguir o mesmo caminho da última década…

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